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Os mercados de ações globais e os futuros dos EUA registraram ganhos significativos nesta segunda-feira (12), após os Estados Unidos e a China anunciarem uma suspensão temporária de 90 dias na maioria das altas tarifas que ambas as nações haviam imposto nos últimos meses. A medida representa um avanço importante para diminuir a guerra comercial iniciada pelo presidente americano Donald Trump.
Em uma declaração conjunta emitida após intensas negociações realizadas durante o fim de semana em Genebra, na Suíça, as duas potências concordaram em reduzir substancialmente seus impostos para dar tempo a mais conversas. Os Estados Unidos diminuirão suas tarifas sobre produtos chineses para 30%, ante um máximo de 145%, enquanto a China reduzirá suas tarifas sobre bens americanos para 10%, ante 125%.
“Fizemos progressos substanciais entre os Estados Unidos e a China nas importantíssimas conversas comerciais”, declarou o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, a jornalistas após as reuniões, enquanto a Casa Branca saudou o que chamou de um novo “acordo comercial”.
Por sua vez, o Ministério do Comércio chinês também celebrou o “progresso substancial” alcançado, afirmando que a medida “reverte em interesse dos dois países e no interesse comum do mundo”.
Reação positiva dos mercados
A notícia foi recebida com entusiasmo pelos investidores. O futuro do S&P 500 subiu 2,6% e o do Dow Jones Industrial Average, 2%.
Os preços do petróleo também experimentaram altas significativas, com o crude de referência americano WTI ganhando US$ 1,66, chegando a US$ 62,68 por barril, enquanto o crude Brent, o padrão internacional, somou US$ 1,63, alcançando US$ 65,55 por barril.
Nos mercados cambiais, o dólar americano avançou frente ao iene japonês, cotado a 148,18 ienes, ante 146,17 ienes anteriores. O euro, por sua vez, caiu para US$ 1,1107, ante US$ 1,1209 anteriores.
Mercados asiáticos lideram os ganhos
Os mercados asiáticos foram os principais beneficiados pelo anúncio. A bolsa de Hong Kong registrou um impressionante salto de 3%, fechando em 23.558,11 pontos. Embora o mercado de Tóquio tenha fechado antes da publicação da declaração conjunta, igualmente conseguiu uma ligeira alta de menos de 0,1%, situando-se em 37.644,26 pontos.
O Índice Composto de Xangai repuntou 0,8%, para 3.369,24 pontos, o Kospi de Seul ganhou 1,2%, alcançando 2.607,33 pontos, e o Taiex taiwanês avançou 1%. O S&P/ASX 200 australiano mostrou um comportamento mais moderado, com uma subida inferior a 0,1%, fechando em 8.233,50 pontos.
Europa também em positivo
Os principais índices europeus também reagiram favoravelmente ao acordo. O DAX alemão ganhou 1%, situando-se em 23.723,55 pontos, enquanto o CAC 40 parisiense somou 0,8%, para 7.805,62 pontos. O FTSE 100 britânico mostrou um avanço mais modesto, com uma subida de 0,1%, para 8.560,42 pontos.
Outros focos de tensão mostram sinais positivos
Os investidores também estiveram atentos à evolução de outros focos de tensão geopolítica. Particularmente relevante foi o acordo de cessar-fogo entre Índia e Paquistão após quatro dias de trocas de tiros, ataques de artilharia, mísseis e aviões não tripulados que causaram a morte de pelo menos 60 pessoas e provocaram o deslocamento de milhares.
Esta notícia impulsionou notavelmente as bolsas de ambos os países. Em Bombaim, o Sensex disparou 3,2%, enquanto o índice KSE 100 do Paquistão registrou um impressionante salto de mais de 9%, obrigando a interromper as operações por uma hora. Este repunte também foi influenciado pela decisão do Fundo Monetário Internacional de desembolsar aproximadamente US$ 1 bilhão como parte de um pacote de resgate para a economia paquistanesa.
O contexto da guerra comercial
Os investidores têm experimentado uma autêntica montanha-russa desde que Donald Trump anunciou em 2 de abril a imposição de tarifas exorbitantes a seus parceiros comerciais, com as mais elevadas dirigidas a Pequim. Esta medida gerou temores de uma guerra comercial entre as duas superpotências econômicas que poderia desencadear uma recessão mundial.
O presidente americano escalou as medidas contra a China até atingir um máximo de 145%, o que provocou tarifas de represália de 125% por parte do gigante asiático. No entanto, após meses de tensões, as conversas do fim de semana entre o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, e o representante comercial, Jamieson Greer, com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, e o representante de comércio internacional, Li Chenggang, representaram as primeiras negociações conhecidas desde o anúncio do “Dia da Libertação” de Trump.
Perspectivas futuras
Tai Hui, estrategista-chefe de mercados para Ásia-Pacífico da JP Morgan Asset Management, assinalou à AFP: “A magnitude desta redução tarifária é muito significativa, maior do que o esperado. Isto reflete que ambas as partes reconhecem a realidade econômica de que as tarifas afetarão o crescimento mundial e que a negociação é uma melhor opção para o futuro”.
No entanto, alguns analistas mantêm certa cautela quanto às perspectivas de longo prazo. “O prazo de 90 dias pode não ser suficiente para que as duas partes alcancem um acordo detalhado, mas mantém a pressão sobre o processo de negociação”, acrescentou Hui.
Por sua vez, Karsten Junius, do Bank J. Safra Sarasin, advertiu: “Esperamos que os mercados financeiros continuem voláteis nos próximos meses, já que descontaram quase por completo as surpresas econômicas negativas e podem ser perturbados novamente por obstáculos mais sérios nas negociações comerciais. Com toda a probabilidade, as coisas ainda podem piorar antes de melhorar”.
As atenções dos investidores se voltam agora para a publicação nesta semana de dados sobre a inflação e as vendas no varejo nos Estados Unidos, que fornecerão um novo panorama da maior economia do mundo desde que as tarifas foram anunciadas.
O impacto total desses cortes tarifários sobre as complicadas estruturas de tarifas e outras sanções comerciais promulgadas por Washington e Pequim ainda não está completamente claro. Muito dependerá de se ambas as potências encontrarem formas de resolver suas diferenças históricas durante os 90 dias de suspensão acordados.
(Com informações de AP e AFP)
