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Em interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, confirmou ter deixado “vários protocolos” para o dia 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes vandalizaram prédios públicos em Brasília. No entanto, Torres negou qualquer envolvimento em uma trama golpista e atribuiu os acontecimentos a uma “falha muito grave no cumprimento do protocolo”.
“É difícil apontar, mas vejo que houve uma falha muito grave no cumprimento do protocolo. [O documento] prevê tropas especializadas, isolamento da Praça dos Três Poderes, que é uma coisa muito séria”, disse Torres. Ele afirmou ter ficado “desesperado” ao ver os atos e que, imediatamente, ligou para os responsáveis pelas forças de segurança.
Torres, um dos réus na ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado, também foi questionado sobre a chamada “minuta do golpe” encontrada em sua residência. O ex-ministro negou ter conhecimento da origem do documento ou de seu conteúdo, classificando-o como “minuta do Google”. “Eu nem sabia que isso estava em casa. Não sei quem fez e nunca foi discutido. Esse documento foi entregue no meu gabinete no Ministério da Justiça. Eu levava duas pastas com a agenda do dia seguinte, discursos e outra com documentos gerais do ministério. Eu nem lembro de ter visto esse documento. Eu vi isso só na PF”, afirmou.
Segundo Torres, ele nunca discutiu o conteúdo da minuta ou uma possível ruptura institucional com ninguém, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Eu nunca tratei isso com o presidente, eu nunca tratei isso com ninguém. Isso veio até o meu gabinete no Ministério da Justiça, foi organizado pela minha assessoria, isso veio num envelope dentro, foi parar na minha casa, mas eu nunca discuti esse assunto, eu nunca trouxe isso à tona, isso foi uma fatalidade que aconteceu, porque era para ter sido destruído há muito tempo, o documento é muito mal escrito, cheio de erros de concordância. Eu nunca trabalhei isso”, garantiu. Ele reiterou que a minuta do golpe encontrada em sua casa “não era para ser discutido” e que “foi uma surpresa quando a Polícia Federal pegou”.
À época dos atos de 8 de janeiro, Torres era o secretário de Segurança do Distrito Federal e estava de férias nos Estados Unidos. Ele disse que a viagem foi programada com antecedência e negou que o objetivo fosse estar fora do país durante os atos. “Quando eu vi isso [atos do 8 de janeiro], eu tava num parque na Disney. Do jeito que deixei as coisas em Brasília, era inimaginável o que aconteceria. Fui surpreendido quando vi isso no domingo”, disse o ex-secretário. Ele acrescentou: “A grande verdade é que o protocolo que deixei teve uma falha grave”.
O ministro Alexandre de Moraes também questionou Torres sobre seus questionamentos acerca da lisura das urnas eletrônicas em uma reunião ministerial de 5 de julho de 2022. Em resposta, Torres negou ter questionado o processo eleitoral e disse que não foi encontrada fraude nas urnas.
Sobre uma fala em que teria dito que “todos iam se foder” em uma reunião com Bolsonaro e outros ministros, Torres se desculpou pelas palavras: “Peço desculpas pelas palavras, era uma reunião fechada. Acabei me excedendo, não estava bem. O que eu quis dizer é que se perdêssemos as eleições, tudo seria perdido”.
