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Foto: Fellipe Sampaio/STF

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Veja os principais trechos do interrogatório de Mauro Cid no STF

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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, abriu nesta segunda-feira (9) os interrogatórios no Supremo Tribunal Federal (STF) dos réus do chamado “núcleo 1” de investigados por suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Em seu depoimento, Cid confirmou que, em novembro de 2022, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente recebeu a chamada minuta do golpe, um documento que previa a realização de um novo pleito.

Segundo Cid, Bolsonaro recebeu, leu e fez alterações no documento, que previa a anulação das eleições de 2022. “O presidente Jair Bolsonaro recebeu e leu esse documento. E fez algumas alterações no documento. De certa forma, enxugou o documento, retirando as autoridades das prisões”, disse Cid.

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Foto: Ton Molina/STF

A minuta, de acordo com o tenente-coronel, também previa a criação de uma nova comissão eleitoral para organizar um novo pleito, mesmo após o resultado oficial. “Seria produzir uma nova eleição baseada numa eleição anulada”, afirmou.

Cid declarou que não se aprofundou nos detalhes do conteúdo, mas confirmou que o texto fazia menção a ministros do STF e a presidentes do Senado e da Câmara. Esses nomes teriam sido retirados por Bolsonaro na tentativa de “suavizar” o decreto, mantendo, no entanto, o ataque direto ao ministro Alexandre de Moraes, que à época era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Pressões sobre Bolsonaro e a “Aposta na Fraude”

De acordo com Mauro Cid, após as eleições de 2022, Bolsonaro estava sob pressão de três grupos distintos:

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  • Um grupo conservador, de linha política, que o aconselhava a “dizer para o povo sair da frente dos quartéis”.
  • Um grupo moderado, composto por figuras como os também réus Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, que, embora entendesse que o “caminho que o Brasil estava indo estava errado”, afirmava que “nada poderia ser feito diante do resultado das eleições”.
  • Um grupo radical, que tentava convencer o presidente a “fazer alguma coisa, um golpe”. Esse grupo “romantizava” o artigo 142 da Constituição Federal como fundamento para o golpe de Estado. O réu Almir Garnier foi classificado neste grupo.
bolsonaro no stf

Foto: Gustavo Moreno/STF

Segundo Cid, o ex-presidente estava convencido de que encontraria uma fraude nas eleições de 2022, o que não se confirmou. “Sempre se teve a ideia de que pudesse, até o final do mandato, aparecer uma fraude real nas urnas. Tanto que em todas as minhas mensagens, que foram abertas como parte da investigação, eu falo que não foi encontrada fraude, que tudo ficou no campo da estatística”, disse.

Mauro Cid relatou ainda que Bolsonaro não queria que os manifestantes deixassem as ruas após as eleições. “Ele não queria que o pessoal saísse das ruas”, afirmou, referindo-se aos acampamentos em frente aos quartéis. “A primeira hipótese era encontrar fraude nas eleições. A outra, por meio do povo radical, encontrar uma fórmula que permitisse reverter a situação.” Cid reiterou que, em momento algum, foi apresentada qualquer prova concreta de fraude nas urnas.

Conhecimento da Ausência de Fraude e Apoio Militar

Cid afirmou que Bolsonaro sabia que, sem a comprovação de fraude nas eleições, não haveria espaço para qualquer tipo de ação institucional contra o resultado das urnas. “A questão era: se não houvesse fraude, nada ia acontecer. Se houvesse fraude, ele agiria. Essa era a lógica. ‘Não foi encontrada a fraude, nada vai acontecer’, foi o que ele repetiu em diversas mensagens a diferentes interlocutores.”

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Essa avaliação, segundo Cid, era compartilhada desde o início com aliados e militares próximos. “Logo no começo, lembro que comentei isso em mensagens com o general Cavalieri e com o general Antonio Amarante. Porque eu sabia qual era a posição das Forças Armadas. Independente do que acontecesse nas eleições, dificilmente algo seria feito. Sem o apoio das Forças Armadas, não teria como seguir com nada.”

Mauro Cid no stf

Foto: Ton Molina/STF

Ele também destacou que Bolsonaro estava fragilizado fisicamente na época, o que era motivo de preocupação entre os militares próximos. “O presidente estava muito fragilizado na parte de saúde. O próprio general Heleno expressava grande preocupação com isso.” Cid afirmou que, embora houvesse tensão e expectativa entre apoiadores, Bolsonaro nunca verbalizou diretamente uma ordem ou plano condicionado à fabricação de uma fraude. “Ele nunca disse: ‘Temos que achar uma fraude’ ou ‘Precisamos forjar algo para decretar alguma coisa’. Não havia esse tipo de condicionante explícito da parte dele.”

Nega Conhecimento de Discurso Golpista e Confirma Recebimento de Dinheiro

Mauro Cid foi questionado sobre um documento que tratava da decretação de estado de sítio e da ativação de medidas excepcionais, como operações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem). “O documento tratava especificamente de estado de sítio, de operações de GLO. Pelo que entendi, foi montado em um celular e depois abandonado. A única coisa que apareceu no meu celular, no ‘Salve’, foi aquele texto da foto, que foi apreendido na sala do ex-presidente. Mas esse texto tratava muito do povo, da mobilização do povo.” Cid afirmou não ter recebido nem tomado conhecimento de um suposto discurso que Jair Bolsonaro faria para anunciar as medidas: “Nunca recebi esse discurso que o presidente supostamente teria que fazer. Também não vi e não ou por mim.”

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Cid também confirmou ter recebido dinheiro vivo de Walter Braga Netto depois das eleições de 2022, supostamente para bancar as manifestações em frente aos quartéis do Exército. Ele declarou, no entanto, não saber que, na verdade, aquele dinheiro teria servido para o planejamento de um suposto plano para ass autoridades, entre elas o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes – informações reveladas pela Polícia Federal.

“Inicialmente, isso, para mim, estava dentro de um contexto de uma manifestação que, teoricamente, era algo que o Exército aceitava — inclusive com respaldo legal e legítimo — e que, de alguma forma, tinha apoio dos militares. Tudo o que foi tratado, para mim, estava sendo direcionado àquelas manifestações. Então, na minha cabeça, eu entendi que era um dinheiro para tentar ajudar, trazer manifestantes, para a manifestação, para reforçar a presença. Eu não interpretei como algo voltado a tentar ou planejar qualquer outra coisa. Por isso, não achei essa informação relevante”, declarou Cid.

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Sobre a entrega do dinheiro, Cid comentou que o major do Exército Rafael de Oliveira o procurou afirmando que estava “precisando de dinheiro, precisando de recurso para alguma coisa”. Cid foi atrás de Braga Netto, que o recomendou procurar o PL (Partido Liberal) para tentar conseguir apoio financeiro. Cid revelou que procurou o tesoureiro do PL, mas foi informado de que o partido “não poderia bancar aquilo ali”. O tenente-coronel deu esse retorno a Braga Netto, que depois de algum tempo decidiu entregar dinheiro em espécie a Cid em uma sacola de vinho.

“O general Braga Netto trouxe uma quantia em dinheiro, que eu também não sei precisar quanto foi, mas com certeza não eram os R$ 100 mil, porque, pelo volume, não parecia tanto. Devia ser menos. E essa quantia foi entregue ao major de Oliveira, no próprio Alvorada”, detalhou Cid. “Minha ideia é que esse dinheiro vinha do agronegócio, que estava ajudando a manter as manifestações”, acrescentou.

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Ainda segundo Cid, Braga Netto era um elo importante com os manifestantes. Após o 2º turno das eleições, Cid comentou que Bolsonaro ficou “muito recluso no Palácio do Alvorada”, e Braga Netto era quem ia constantemente para atualizar o presidente sobre o que estava acontecendo. Cid afirmou que o núcleo interno da Presidência da República não mantinha contato com líderes ou financiadores de manifestações, mas “quem trazia as informações atualizadas do que estava acontecendo era o general Braga Netto”.

Ex-Comandante da Marinha e Pressão para Trocar Chefe do Exército

No interrogatório, Cid confirmou que o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, tinha colocado as tropas da força à disposição do então presidente para um eventual golpe militar. Segundo Cid, a atitude de Garnier causou chateação ao ex-comandante do Exército Freire Gomes, porque Garnier havia transferido a responsabilidade de um suposto golpe para ele, afirmando que só poderia fazer algo com o apoio do Exército. “O general Freire Gomes tinha ficado muito chateado, porque o almirante havia colocado as tropas e a Marinha à disposição do presidente, mas disse que só poderia fazer alguma coisa com o apoio do Exército. Então, o general Freire Gomes ficou muito chateado por ele ter transferido a responsabilidade para ele.”

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Segundo Cid, havia uma “pressão grande” com a ideia de que, se Freire Gomes não tomasse nenhuma medida para um golpe militar, “uma alternativa seria trocar os comandantes para que o próximo comandante do Exército assinasse ou tomasse uma medida mais dura e radical”. Cid detalhou que alguns nomes sugeridos para o lugar de Freire Gomes foram os dos generais Júlio César Arruda e Estevam Theophilo. “Existia essa pressão para que se o general Freire Gomes não tomasse alguma atitude, que colocasse militares que poderiam tomar essa atitude.”

De acordo com Cid, Theophilo teve uma reunião com Bolsonaro em novembro de 2022. Cid disse não saber o teor da conversa, mas revelou que depois trocou mensagens com o general, que disse que cumpriria uma eventual ordem de Bolsonaro para um golpe militar. “Eles [os militares] não fariam nada que quebrasse um elo de legalidade. Então, para que alguma coisa fosse feita, teria que haver uma ordem — e essa ordem teria que vir do presidente”, detalhou Cid. “Era nesse sentido que ele [Theophilo] falava: ‘Olha, se você , o Exército vai cumprir’ — mas não que ele fosse cumprir ou tomar a iniciativa”, completou. Cid acrescentou que, no meio militar, havia a ideia de que, se alguém fosse liderar a execução final de um golpe, seria o general Theophilo.

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Explicações sobre Áudios Vazados e Dinâmica do Interrogatório

Na audiência, Cid disse que estava em uma situação “devastadora” pessoal e emocional quando gravou áudios nos quais aparece criticando a própria delação premiada. Segundo ele, os trechos em que relata suposta pressão da Polícia Federal e do Supremo para incluir fatos que não seriam verdadeiros foram apenas desabafos com amigos — e não acusações formais. “Foi um desabafo. Eu não lembro o quão difícil eu e minha família estávamos ando”, disse Cid. “Mensagens de áudio da minha filha sendo vazadas, matérias, esforços pessoais… Estava muito tensa [a situação]. Eu, dentro da minha carreira, desabando. Minha vida financeira, acabada. Isso gerou uma crise pessoal, psicológica muito grande.”

Ele negou que tenha sido pressionado formalmente pelas autoridades a incluir fatos inverídicos na colaboração. Agora, ele diz que as falas foram gravadas em um momento de forte desgaste emocional e sem intenção de questionar oficialmente a investigação ou a validade da delação.

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As audiências estão sendo realizadas presencialmente na corte. A única exceção é o interrogatório do general Walter Braga Netto, que será feito por videoconferência, já que o militar está preso. A 1ª Turma do STF começou nesta segunda-feira (9) a interrogar os réus do núcleo crucial na ação penal por suposta tentativa de golpe de Estado.

Fazem parte do grupo: Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República; Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin e deputado federal; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal; Augusto Heleno, ex-ministro do GSI; Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente em 2022. Os interrogatórios devem ser finalizados até a próxima sexta-feira (13). O primeiro a ser ouvido foi Mauro Cid, que fechou um acordo de colaboração com o STF. Os demais réus serão interrogados na sequência, em ordem alfabética, para que todos tenham conhecimento do que o delator falou e, assim, possam exercer o amplo direito de defesa.

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