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O deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem (PL-RJ), negou nesta segunda-feira (9 de junho de 2025) qualquer envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após a derrota nas eleições presidenciais de 2022. Ramagem foi o segundo réu do núcleo principal da investigação a ser interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Não há veracidade na imputação de crimes. Estamos aqui para demonstrar inocência”, declarou Ramagem, que afirmou que irá comprovar sua inocência durante o depoimento.
Documentos Pessoais e Vídeo de Audiência no STF 6r4767
Questionado por Moraes sobre um trecho de um documento que parecia ser direcionado a Bolsonaro, Ramagem respondeu que o estilo do texto seguia uma estrutura de diálogo interno, utilizada para organizar suas reflexões pessoais, e que não houve envio do conteúdo ao ex-presidente. “A forma de concatenar as ideias é sempre em forma de diálogo. Isso não significa que eu tenha conversado com ele ou encaminhado esse documento”, explicou.
O deputado também disse que o arquivo reunia anotações sequenciais e exclusivas, feitas por ele ao longo do tempo. Ele afirmou que apenas uma das mensagens contidas no material foi, de fato, compartilhada — um vídeo público de uma audiência no STF sobre testes de segurança nas urnas. “Essa foi a única mensagem que enviei a alguém. O restante do documento é composto por coisas particulares”, afirmou.
Ramagem negou ter atuado para disseminar desinformação sobre o processo eleitoral. Segundo ele, o vídeo que compartilhou com Bolsonaro mostrava peritos criminais apresentando testes públicos de segurança das urnas eletrônicas e não foi editado ou cortado para tirar de contexto. “É um vídeo de mais de dez minutos, que mostra a constante evolução dos testes de segurança. Não era algo contra as urnas, mas uma exposição técnica, feita em audiência pública no STF”, disse.
Negação de Monitoramento pela Abin e Sistema FirstMile 6t2x3x
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Ramagem de integrar o núcleo de articulação da suposta
tentativa de golpe e de ter atuado para produzir ou reunir material contra o sistema eletrônico de votação. O deputado, no entanto, negou as acusações e reforçou no depoimento que está “aqui para demonstrar a inocência”.
Durante seu depoimento, Alexandre Ramagem negou categoricamente ter utilizado a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar autoridades públicas. O deputado e ex-diretor do órgão afirmou que jamais usou estruturas da agência com esse objetivo. “Nunca utilizei monitoramento algum pela Abin de qualquer autoridade”, declarou, reforçando: “Decerto que não fiz monitoramento de autoridades”.
Ramagem também foi questionado sobre o sistema FirstMile, tecnologia contratada durante sua gestão para captar sinais de aparelhos celulares. Ele afirmou que o equipamento foi adquirido ainda no governo Michel Temer, com parecer favorável da Advocacia-Geral da União (AGU), e que a contratação foi regular. Segundo o deputado, ele optou por não renovar o contrato ao final da vigência, por entender que não era necessário manter o sistema em operação. Ramagem ainda disse que, se há qualquer atuação de uma “Abin paralela”, isso envolveria servidores e oficiais da agência, não os auditores sob sua chefia direta.
Questionado sobre relatos de que teria sido procurado por uma assessora de Carlos Bolsonaro com pedidos de informações sobre inquéritos da Polícia Federal envolvendo a família do então presidente, Ramagem respondeu que o tema não consta na denúncia da PGR nem no relatório da PF, mas decidiu esclarecer que recebeu uma mensagem relacionada a procedimentos internos da corporação, mas não respondeu ao contato.
Interrogatórios no STF 3v5y1e
A 1ª Turma do STF começou nesta segunda-feira (9) a interrogar os réus do núcleo crucial na ação penal por suposta tentativa de golpe de Estado. Segundo a PGR, os integrantes desse grupo teriam sido responsáveis por liderar as ações da organização criminosa que tinham como objetivo impedir a posse de Lula.
Fazem parte do grupo: Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República; Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin e deputado federal; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal; Augusto Heleno, ex-ministro do GSI; Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente em 2022. Os interrogatórios devem ser finalizados até a próxima sexta-feira (13). O primeiro a ser ouvido foi Mauro Cid, que fechou um acordo de colaboração com o STF. Os demais réus serão interrogados na sequência, em ordem alfabética.